domingo, 31 de maio de 2009

TRÊS... EXTREMOS 2

(SAAM GAANG YI)
Coréia / Tailândia / Hong Kong - 2002
Dir.: Ji-woon Kim / Nonzee Nimibutr / Peter Chan


Na verdade, esse aqui é o primeiro filme do projeto "Três... Extremos" que reúnes filmes de cineastas orientais, mas por algum motivo ficou conhecido como o segundo.
A primeira história, "Memories", é coreana, e retrata a pertubação mental de um homem depois que a mulher desaparece; enquanto isso a desaparecida tenta voltar para casa. Pode-se dizer que o final tenta surpreender, mas lá pelo meio dá pra sacar o que está acontecendo.
O segundo, "The Wheel", relata uma história de maldição envolvendo bonecos utilizados em um tradicional espetáculo folclórico tailandês. É muito convencional, e a curiosidade é mais por mostrar um espetáculo pouco conhecido pelos ocidentais.
A terceira, "Going Home", é ótima. Na verdade é uma história de amor: filho de policial recém mudado para condomínio decadente em Hong Kong fica cismado com uma menina vizinha que o espiona. Ele então desaparece e o pai passa a procurá-lo pela vizinhança até topar com um estranho casal: um homem que mantém o cadáver da esposa esperando que ela ressuscite curada do câncer que a matou.
A fotografia desolada de um local decadente e a música só reforçam uma história muito bem contada, com tempo e desenvolvimento corretos e revelações que a cada vez surpreendem mais o espectador. Só esse episódio já valeria o filme.

sábado, 30 de maio de 2009

A PRAGA

(THE PLAGUE)
EUA - 2006
Dir.: Hal Masonberg


De repente, sem motivo aparente, todas as crianças com menos de 10 anos, de todo o mundo, sofrem um ataque epilético e entram em coma. Dez anos depois, com todas as crianças ainda em coma; sem a descoberta de uma cura; e com um programa de controle de natalidade mundial apoiado pela ONU, que inclui o incentivo ao aborto, a economia parece caminhar para o caos, visto não haver renovação da população. Se o mote do filme fosse esse, até poderia ter rendido uma ficção interessante, mas não.
Repentinamente, os jovens saem do coma e adquirem um comportamento agressivo, e então o caos se instala na pequena cidade aonde o filme se passa. Se houvesse alguma discussão filosófica-existencialista sobre os jovens se voltando contra a sociedade que os gerou, poderia até render algum filme alternativo também interessante.
No fundo, bem lá no fundo, é uma variação dos filmes de zumbis pois logo a coisa descamba para a correria, sangue aos borbotões, violência e aquela velha situação de alguém preso em algum lugar enquanto lá fora os "do mal" tentam entrar. Só faltou explicar como pessoas que passam dez anos em coma de repente saem correndo, tem força para arrombar portas, fazer barricadas, etc... devem ser os ataques epiléticos que eles sofriam com frequência que exercitavam os mçusculos...
A solução encontrada também não é das melhores, com alguma coisa espiritual que não é bem explicada...
É baseado em Clive Barker e parece mais um veículo para tentar dar um brilho carreira da ex-estrelinha de seriado adolescente James Van Der Beek.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

KWAIDAN - AS QUATRO FACES DO MEDO

(KWAIDAN)
Japão - 1964
Dir.: Masaki Kobayashi


Um clássico do horror japonês da década de 60, baseado em histórias tradicionais japonesas, foi o vencedor do prêmio especial do júri de Cannes em 64.
São quatro histórias:
- "O cabelo negro" (história antecessora do terror oriental atual ou uma obsessão antiga dos orientais?) conta a história de um samurai que abandona a mulher, cansado da vida de pobreza. Ele se casa com uma nobre, mas quando seu contrato de trabalho com a família dela termina, ele decide voltar para a ex, que o espera com uma surpresa...
- "A mulher na neve" narra a história de um caçador que vê seu companheiro ter seu sangue sugado e ser morto por uma mulher misteriosa, mas que lhe poupa a vida por ele ser jovem, desde que jure nunca contar o que viu. O tempo se passa, ele se casa, e logicamente, vai contar o que lhe aconteceu no passado...
- "Hoichi sem orelhas" começa com a história de uma batalha que termina de forma trágica para um dos lados; depois pula para uma época posterior, aonde um cego que vive em um mosteiro, famoso por suas habilidades de músico, é levado por um misterioso samurai para se apresentar para seus pares.
- "Uma xícara de chá" narra a luta de um samurai com o fantasma que ele vê em sua xícara. É o mais fraco e curto dos três.
Hoje pode ser considerado lento; arrastado demais para nosso tempo. Mas ainda impressiona pela cenografia algo teatral, mas funcional. As cenas da batalha no mar, totalmente estilizadas, são geniais, assim como a música e o som do filme. Outro destaque são as cenas de pintura do cego para defendê-lo das forças do mal, que Peter Greenaway deve ter visto antes de rodar "O Livro de Cabeceira".
Recomendado para quem curte filmes de arte, sem se preocupar com efeitos e gore aos borbotões.

ESPÍRITOS CONDENADOS

(VINYAN)
França / Bélgica / Inglaterra - 2008

Dir.: Fabrice Du Welz


Jeanne (Emmanuelle Béar) e Paul Bellmer (Rufus Sewell) perderam o filho nas tsunamis que arrasaram a Ásia em dezembro de 2004. Mesmo abalados eles decidem permanecer por lá, visto o corpo do menino não ter sido localizado e eles, especialmente ela, ainda terem esperanças de encontrar a criança viva. Além disso, Paul trabalha em um orfanato e é durante a exibição de um vídeo para os mantenedores do lugar que Jeanne encasqueta de ter visto o filho na filmagem.
Obcecada, ela convence o marido a contactarem o sinistro Thaksin Gao, que os levará até a fechada Mianmar, ex-Birmânia, local em que ficaria a miserável vila aonde o vídeo teria sido rodado.
Começa então um pesadelo (de estética semelhante a de "Apocalypse Now" de Coppola) rumo ao desconhecido.
Depois de abandonados pelo barqueiro, os 3 topam com um grupo de sinistras crianças, que parecem surgidas diretamente da idade da pedra, ou algo pior.
Quarto filme de du Welz, não é tão bom quanto o anterior, "Calvário", mas é um filme estranho e intrigante, aonde talvez falte um pouco da ação a que estamos acostumados com os filmes americanos. Aqui o horror também não é "oriental", como aqueles das moças de cabelos pretos e lisos.
O horror aqui parece estar na tragédia que foram as tsunamis; da miséria que envolve os personagens; da exploração desta pelos mais "espertos"; da exibição de uma ásia totalmente deprovida do lado colorido/folclórico/exótico a que o mundo ocidental está acostumado; do drama e desespero de tentar reaver um filho que tudo indica morto.
Vale pela fotografia, pela dedicação dos atores, e pelo sinistro ator que interpreta Gao; ainda que não seja um filme muito palatável.

domingo, 24 de maio de 2009

PASTÉIS

(GAAU JI)
Hong Kong - 2004

Dir.: Fruit Chan


Ex-atriz casada com empresário bem sucedido procura uma cozinheira que vende pastéis feitos com determinado ingrediente que, supostamente, garantiria a beleza eterna.
É a versão longa de um dos curtas do longa "Três... Extremos" que envolvia esse aqui e mais dois curtas de diferentes diretores.
A solução encontrada para estender o filme foi dar maior foco na vida pessoal da Sra Lee (a ex-atriz) e aumentar a participação do marido desta, Sr Lee, que também curte se alimentar de estranhos ingredientes para se manter jovem.
O final diferente do original é menos forte, mas nem por isso menos sórdido. Aliás, sordidez parece ser o tema do filme, sem falar na atuação de Ling Bai, como Tia Mei, a cozinheira, que fica naquele limite entre o vulgar e o sensual/sedutor.

ACÁCIA

(AKASIA)
Coréia - 2003
Dir.: Ki-hyeong Park


Mi-sook e Do-il formam um casal que aparentemente não pode ter filhos, e então decidem adotar uma criança, Jin-sung, um menino de 6 anos, introspectivo e com um talento estranho para a pintura: seus desenhos são algo pertubadores e lembram muito os traços de Edward Munch, em "O Grito".
O casal e o menino parecem não se entender bem, e a mãe da Mi se mostra claramente contra a adoção, rejeitando a criança. A situação se complica quando Mi engravida e Jin começa a apresentar um comportamento mais estranho ainda, até desaparecer.
É um drama de horror, que começa parecendo um drama familiar, e se encaminha lentamente para o horror. A acácia do título se refere a uma árvore seca existente no quintal do casal, a qual o menino se apega e diz ser sua mãe morta. Esta misteriosamente volta a vida depois do desaparecimento do menino.
Um filme ótimo, sombrio, que vai pouco a pouco apresentando seus personagens até o final surpreendente para quem não prestou atenção nos fatos.
Destaque para o menino e a assustadora cena final.

sábado, 16 de maio de 2009

CAOS

(KAOSU)
Japão - 1999
Dir.: Hideo Nakata


Começa com um casal terminando seu almoço; o marido volta para o trabalho e então descobre que a mulher foi sequestrada.
A partir daí o filme mostra um flash back aonde a relação de sequestrada e sequestrador é apresentada e mais não se pode falar sobre o filme sobre pena de se entregar alguma das surpresas das reviravoltas de seu roteiro.
Não se segue nenhuma investigação policial ou negociação de libertação, mas uma sucessão de reviravoltas que sempre mantém o interesse no filme.
Nakata é diretor dos "Chamados" japonês e americano, além da versão japa de Dark Water e é dos melhores diretores japoneses da atualidade.
Aqui ele não fala do sobrenatural, e na verdade, mergulha de cabeça no universo hitchcockiano pois é impossível não associar esse a um determinado filme do mestre do suspense. Não é cópia, referência ou homenagem a Hitchcock, mas algo como fazia De Palma: uma espécie de revisão do que fazia o inglês.
Nada nem ninguém é o que parece ser, e o espectador vai se surpreendendo a todo momento. Estranho é não ter tido o destaque que merecia.

domingo, 10 de maio de 2009

DESEJOS MORTAIS

(SEI MONG SE JUN)
Hong Kong - 2004
Dir.: Oxide Pang Chun


Moça estudante de fotografia sente atração por fotografar cadáveres ou situações relacionadas à morte. Tal comportamento deriva de um trauma do passado e as coisas se complicam quando entra em cena um realizador de "snuff movies" (aqueles filmes aonde supostamente as pessoas morrem de verdade).
Aqui os auto-denominados Pang Brothers deixam de lado os fantasmas e o sobrenatural e embarcam em um filme baseado em traumas do passado. Esteticamente é muito bonito; os efeitos de som ídem, mas é lento e em momento algum diz ao que veio. A entrada de um perturbado realizador de snuff movies, que nada tem a ver com a história, em nada melhora a situação, e a revelação de sua identidade é mais um anticlímax do que uma revelação surpreendente, que é o que se esperava desse tipo de filme.

domingo, 3 de maio de 2009

TRÊS... EXTREMOS

(SAAM GAANG YI)
Hong Kong / Coréia /Japão - 2004
Dir.: Fruit Chan / Chan-wook Park / Takashi Miike


Terror em três episódios independentes reunindo diretores de Hong Kong, Coréia e Japão.
O primeiro é o melhor episódio, a cargo do desconhecido Fruit Chan, de Hong Kong. Conta a história de uma atriz disposta a qualquer coisa para se manter jovem e bela, até mesmo se alimentar de uns pastéis recheados com fetos humanos (isso fica claro logo de cara, não é spoiler). É tão legal que virou longa metragem.
O segundo é dirigido pelo coreano Park-wook, de Old Boy e retrata a estranha vingaça a la "Jogos Mortais" de um figurante contra um diretor de cinema. Tem sangue a rodo.
O terceiro, a cargo do prolífico Miike, segue a linha do diretor, as voltas com a obsessão e as relações familiares, aqui entre pai e filha, como em Visitor Q. Conta a história de uma escritora, que quando criança disputava as atenções do pai com a irmã gêmea, assim como ela contorcionista no circo do pai, sendo responsável pela morte dessa. É mais psicológico e segue a linha do recente "Medo - A Tale Of Two Sisters".
Interessante notar o uso das cores, proposital ou não: o primeiro episódio explora o vermelho, presente em quase todas as cenas, seja na decoração, roupas ou acessórios. O segundo se equilibra entre o azul do cenário e os detalhes em vermelho, além do sangue. O terceiro tem uma fotografia azulada, ainda com a presença do vermelho, mas é totalmente econômico no uso do sangue.

sábado, 2 de maio de 2009

HAZE

(HAZE)
Japão - 2005

Dir.: Shinya Tsukamoto


Homem acorda desmemoriado, ferido e confinado em algum lugar escuro e pequeno, e a medida que ele rasteja dentro do estranho lugar esse vai ficando menor. Ele então encontra uma mulher na mesma situação e, cercados de pedaços de corpos, eles tentam entender aonde estão e como foram parar naquela situação, aonde quanto mais eles se mexem, mas se ferem e menores parecem as possibilidades de fuga.
Parece um filme de terror mas na verdade é um surreal mergulho numa mente pertubada pela culpa. É curto (tem 48 min.), escuro, claustrofóbico e surpreendente em sua explicação. De início parece uma versão mais hardcore do sucesso "Cubo", mas só no final se percebe aonde esse "cubo" está localizado.

DRÁCULA, O PERFIL DO DIABO

(DRACULA HAS RISE FROM THE GRAVE)
Inglaterra - 1968
Dir.: Freddie Francis


Drácula volta a vida quase que por acaso - graças ao sangue de um padre, que se torna seu braço direito - e e decide colocar seus afiados caninos no pescoço da sobrinha de um Monsenhor. Produção corriqueira da Hammer, que é o quarto da série iniciada com "Drácula" e o terceiro com Christopher Lee, mais uma vez sem Peter Cushing.
Dessa vez o vampiro está longe de seu castelo (seu caixão está no porão de uma padaria...). Lee está mais uma vez monossilábico; tem algum sangue, aqueles decotes tradicionais da Hammer e aquelas cenas "noturnas" filmadas de dia . Nada de muito antológico.