domingo, 29 de março de 2020

O POÇO


(EL HOYO)
Espanha - 2019
Dir.: Galder Gaztelu-Urrutia


Surreal filme baseado numa premissa absurda (e angustiante): prisioneiros são mantidos em celas, uma dupla em cada, nem sempre do mesmo sexo, e a alimentação é provida através de uma plataforma localizada no meio da cela.
A alimentação vem do topo, a plataforma para por um tempo em cada andar (ou cela) para alimentar seus integrantes, que não podem estocar alimento, e segue sua viagem. Ou seja, quem está em cima come, quem está no meio come restos, quem está mais pra baixo rói os ossos, e quem está no fundo do poço passa fome.
O protagonista é Goreng, que custa a se adaptar e a entender o mecanismo - explicitamente uma representação da sociedade de qualquer país, rico ou pobre.
O filme é narrado em ritmo de pesadelo, bem dirigido por um estreante, mas que em dado momento parece ficar sem assunto, pois a estrutura do filme repete a da prisão: um lugar sem saída, aonde ou se sobrevive ao tempo de condenação, ou se pula fora, como alguns prisioneiros parecem fazer.
Mas é muito curioso e diferente das produções aonde alguém acorda num lugar, cercado de estranhos, sem saber como foi parar lá. Nesses se sabe que alguém sobrevive, aqui, não necessariamente.

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